quinta-feira, 15 de abril de 2010

Motéis e cena urbana

Elnatana Barreto

Um grupo de estudantes do curso de Publicidade e Propaganda da UnP, ao realizar uma pesquisa sobre os motéis localizados no bairro de Candelária (Natal), no segundo semestre/2009, percebeu a necessidade de entender mais amplamente questões relacionadas ao sexo, prazer, desejo e fantasias.

Entendidos como ambientes propostos para a realização do prazer, os motéis deixaram de acolher motoristas viajantes – destinação dos primeiros estabelecimentos desse gênero nos EUA – para privilegiar a clientela em busca do prazer sexual. Para aperfeiçoar seus ambientes e atender à busca por encontros alimentados pelo desejo e sedução, foi preciso entender as vontades explicitas e implícitas da clientela.

Entre os grandes pensadores produzidos pelo século XX, o psiquiatra austríaco Sigmund Freud deixou um corpo teórico de grande envergadura sobre nossas pulsões primárias relacionadas ao prazer. O grande objeto de desejo do ser humano é a sua imaginação. O outro e a atmosfera em que ele se encontra equivalem tão somente à complementação da projeção de uma vontade primeira. O sexo e a fantasia são necessidades que se abastecem mutuamente.

Como disse Freud, “as forças motivadoras da fantasia são os desejos insatisfeitos, e toda fantasia é a realização de um desejo, uma correção da realidade insatisfatória”.

Na sociedade contemporânea, hedonista por excelência, o exercício do prazer é algo já vinculado ao cotidiano, à fruição de momentos fugazes. A fantasia alimentada pelos motéis, assim, é a de estimular a manifestação da libido livre de impedimentos e de restrições morais. Esses ninhos de desfrute prazeroso costumeiramente localizam-se em lugares estratégicos, mas cada vez mais inseridos na paisagem urbana.

Embora convertidos à dinâmica urbana, os motéis seguem inspirando ideias de perversão sexual. Coube a Freud classificar o ser pervertido como aquele capaz de realizar algo considerado anormal para suprir seus desejos. São pessoas que se apropriam livremente de fantasias para levar ao extremo a sua busca por prazer. Incluem-se práticas diversas como o sadomasoquismo, a pedofilia e recursos que apelam ao fetichismo para a intensificação do gozo físico.

Um comentário:

  1. Gostaria de Parabenizar o grupo de pesquisa que está a frente deste blog, os textos são bem lúcidos e traduzem a relação nítida entre dinheiro e prazer.

    Como colaboração ao blog e a pesquisa gostaria de deixar um pdf do prof. Paulo Roberto Ceccarelli, que fala do corpo como mercadoria.

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