domingo, 11 de abril de 2010

Era pra ser um comentário, mas...

Daniel Gonçalves de Menezes

Cara Stella,
O teu blog é bem legal! Não sei se é do seu conhecimento, mas há alguns estudos antropológicos sobre o assunto.
Edmilson Lopes, professor da UFRN, escreveu um livro interessante denominado: "Natal: a construção social da cidade do prazer". A obra reflete sobre questões que vão ao encontro do seu interesse de pesquisa.
Há, além disso, um número da revista Cronos, do programa de pós-graduação de ciências sociais da ufrn, que apresenta um artigo de dois portugueses que vieram a natal com o objetivo de fazer uma pesquisa de campo sobre o fluxo dos europeus em nossa cidade e o tema da prostituição.
O texto é legal porque destrói um conjunto de noções que os natalenses cultivam acerca da prostituição em nossa cidade.
Ao contrário do que muita gente imagina, as prostitutas são pessoas conscientes do que fazem (o discurso que vitima a prostituta é extremamente conservador porque retira a capacidade de agência dessas mulheres), não são acometidas por doenças, já que estão extremamente preocupadas com DSTs e sentem prazer - por que não?! - em várias das relações sexuais que mantém com os seus clientes, acabando, em alguns casos, inclusive, em casamento.
É impressionante, relatam os portugueses, como as autoridades do RN têm uma postura ambígua sobre o assunto. Rechaçam publicamente a prostituiçao e de modo velado trabalham, utilizando estratégias publicitárias e turísticas, para promover o mercado sexual no RN.
Numa perspectiva claramente foucaultiana, ao tentar dar voz ao discurso das prostitutas, o texto ainda faz a irônica pergunta, - é melhor trabalhar 10 horas por dia em uma loja no shopping para ganhar 500 reais, aguentando todo tipo de abuso, ou fazer alguns programas mensais e faturar cerca de 3 mil reais?
O fato é que o mercado de bens sexuais já deveria ter sido regulamentado. Seria melhor para as profissionais do sexo, que estariam amparadas pelo estado; e seria melhor para a nossa cidade, que trataria a questão de modo mais sóbrio.
Porém, expressando o atual estágio reflexivo em que se encontra nossa cidade, os portugueses receberam, na época em que vieram a Natal dar prosseguimento a uma pesquisa mundial sobre o assunto, o título de "persona non grata" por parte dos nossos competentes vereadores..

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