quinta-feira, 22 de abril de 2010

Duas vezes por ciúme












Elnatana Barreto


Homenageando Livia Andrade

Dizem que “isso é coisa do destino”, há quem afirme que “não passou de mera coincidência”, poderia ser também algo traçado por Deus. Eu imagino que seja bizarro e nada mais.

Eles namoraram uns dois ou três anos, mas tudo acabou em briga. Ela muito ciumenta, ele muito amigo, amável, solidário e carinhoso com todos (e todas). Ela não concordava com aquela solicitude dele, ele não agüentava as cobranças dela. Acabou-se o que era doce.

Ele chorou. Tirou o cavanhaque, reformou o guarda-roupa, trocou de carro, pediu demissão do emprego. Ela viajou com as amigas, divertiu-se até cansar, voltou com outro e depois outro, e mais outro... Nem se toparam, pareciam distantes, como o Brasil do Japão, mas na realidade estavam na mesma cidade, só não se encontravam, nem por “mera coincidência”.

Farrista, ela resolveu ir à praia (a mais divertida da cidade) com uma turma de amigos, jogar bandeirinha (a mais divertida brincadeira de criança): era gente pra todo o lado, gritos estrondosos, uma bagunça só. Engraçado é pensar que a praia mais divertida para ela, era também a mais bonita para seu romântico ex-namorado, que por sinal também estava se divertindo no maior amasso, com beijos longos e calorosos, num clima bem quente em plena madrugada.

Sua amiga insiste em querer ver que casal era aquele tão afogueado. Curiosa, ela concorda. Chegando perto, sua amiga percebe um olhar brilhando, algumas lágrimas rolando rosto afora, duas pernas bambas e mãos trêmulas. Ela queria voltar, ir embora, aos brados, aos prantos, mas bem rápido.

Era ele. Morreu de ciúme. Ele não poderia estar com outra, afinal sempre foi louco por ela, nem combinava com outra companhia. Gritou, chorou de raiva, ligou pra ele no dia seguinte.
-Eu nunca deixei de te amar, ele falou.
Ela voltou. Apaixonados como nunca,e sem pensar em outra coisa, se amaram como sempre. Não se sabe ao certo se foi coincidência ou obra de um ciúme arrependido.
Mas que eles foram felizes, isso sabe-se ao certo.

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