sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O papel do cliente na prostituição




Elnatana Barreto                                                      

O livro “O Cliente, o outro lado da Prostituição" (Ed. Annablume), de Ilnar de Sousa, apresenta um estudo diferenciado em meio à literatura que aborda o assunto, ao destacar como protagonista o cliente e não a garota de programa. Na vasta literatura sobre o tema, aponta a autora, o homem é o seduzido, mas raramente é apontado como o “corpo que deseja”, como o agente prostituinte.

Pelo fato de a prostituição persistir como a “profissão mais antiga do mundo”, o “mal necessário”, as mulheres que a ela aderem são  geralmente consideradas as vilãs da história, apontadas como desestabilizadoras de famílias e lares, mau exemplo para as novas gerações etc. No entanto, a função social que elas exercem é constantemente negada e desconhecida, a ponto de afirmar-se que a prostituição “está com os seus dias contados”.

Para a autora, não é a mulher a vilã dessa história. Se a garota de programa existe e segue oferecendo seus préstimos sexuais é certamente por existir uma demanda para o serviço. Demanda que agrega a característica de crescer continuamente, seja em novas garotas atraídas pelas possibilidades reais de faturamento, seja pelas novas gerações de clientes que acorrem na direção delas.

Quando aborda-se o tema prostituição, é comum pensar na garota prostituída. Contudo, o maior responsável pela ampliação desse segmento é justamente seu agente fomentador, o cliente. Sem ele, afinal, o que seria da atividade. É ele, afinal, quem procura o serviço e paga (em alguns casos) razoavelmente bem, mantendo assim a profissão como alternativa atraente cogitada, porque extremamente procurada e eventualmente bem remunerada, por muitas mulheres.
           
“No entanto, apesar de compreenderem a não segregação desses dois mundos (o da prostituta e o do cliente) (...), alguns autores ainda fazem da prostituta a figura central e quase exclusiva do ‘mundo da prostituição’. É como se a prostituição fosse uma história feita com vários atores – secundários – que vivem em função e ao redor da prostituta – atriz principal. Na verdade, ela existe em função de uma demanda e expectativa que são criadas em torno dela e para ela”, diz Ilnar de Souza em seu livro.

A autora lembra que não é apenas da relação carnal que se trata o contato entre a prostituta e o cliente, mas também de carinho e uma série de complementos ao fato de estarem juntos, ainda que por uma brevidade de tempo. É uma profissional que acolhe os desejos do homem,  os sacia e atende à ânsia por atenção e por alguém que o ouça, toque, entre outras necessidades emocionais.

           

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