quarta-feira, 20 de outubro de 2010

7 mil brasileiras são prostitutas na Espanha


 Mulher nua em pé e homem sentado com cachimbo, Pablo Picasso, 1968.
A Espanha se tornou o principal mercado para prostituição de brasileiras, de acordo com a pesquisadora Waldimeiry Corrêa, durante apresentação nesta terça (19/outubro/10) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sete mil prostitutas vivem no país, em regime análogo ao trabalho escravo. Geralmente as brasileiras entram na Espanha via Portugal ou França, para burlar o rígido controle dos aeroportos espanhóis. Segundo Waldimeiry, elas já saem do Brasil com dívida de 3 a 7 mil euros e sabem que vão trabalhar no mercado do sexo, seja como garçonete, dançarina ou prostituta. A maioria abraça a ideia certa de que terá um rendimento de até 5 mil euros por mês, o que se revela uma tremenda frustração.

A pesquisadora relatou que as prostitutas têm que realizar um mínimo de oito programas por dia, chegando a 20 relações diárias, para pagar as dívidas. Ela afirmou que é cobrada uma taxa de 50 euros por dia pelo dono da boate, além de 3 euros por relação. Do rendimento bruto, as garotas ficam com 40%, cerca de 800 euros mensais, valor equivalente ao salário mínimo espanhol. A grande maioria consegue pagar as dívidas (com os aliciadores) em dois anos, mas depois seguem exercendo a profissão, muitas vezes por dificuldade de encaixar-se em outra atividade.

Conforme o relato de Waldimery, a viagem das brasileiras para o mercado do sexo europeu começa em pequenas cidades do interior, principalmente no Ceará e em Goiás, por meio de um conhecido, que faz parte do esquema e ganha até 10 mil euros por aliciamento. Grupos mafiosos se encarregam do resto do processo, como passaporte, visto e passagem aérea, mas depois obrigam a trabalhos exaustivos em boates, criando uma relação análoga ao trabalho escravo, até o pagamento total das despesas.

Segundo a polícia espanhola, 75 mil prostitutas estrangeiras vivem no país. Waldimery desenvolve tese de doutorado sobre direito internacional na Universidade de Sevilha e trabalha em uma organização de acolhimento de mulheres em situação de risco. Como a idade máxima que as boates aceitam as prostitutas é 30 anos, depois disso elas são obrigadas a trabalhar nas ruas, quando ficam desprotegidas e fazem programas por menor preço.

Fonte: Agência Brasil

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