terça-feira, 14 de setembro de 2010

Livro expõe prostíbulos do centro paulistano


Sexo rápido, sujo e barato em vielas e prédios das ruas mais obscuras do Centro de São Paulo. Durante seis meses de 2009, quatro estudantes de jornalismo investigaram o que acontece nos prostíbulos da chamada “área trash” da cidade. Gustavo Pinchiaro, Luciano Costa, Renan Rodrigues e Ricardo Casarin visitaram mais de 15 locais citados num site que classifica as casas de prostituição e as profissionais de diversas cidades do país para produzir o livro Glamour e boca do lixo – histórias da prostituição no centro de São Paulo (Editora Multifoco, R$ 30).

O roteiro do sexo pelo Centro é retratado com descrições de cada uma das casas, conversas com clientes dos locais e perfis de prostitutas. Após cada visita, uma ficha sobre o lugar era preenchida, sendo o lugar mais barato um local em Guaianazes onde o cliente paga R$ 10 por 10 minutos com uma mulher.

Segundo os autores, um dos episódios mais marcantes foi observar um rapaz que, como eles, conversava com todas as mulheres no Parque da Luz. “Nesse momento ficamos confusos, sem saber quais das mulheres eram prostitutas. O cara tinha se apaixonado por uma menina e estava perguntando por ela para todo mundo”, conta Luciano.

Um dos lugares mais polêmicos é o casarão conhecido como “69”, na Rua dos Andrades. “Ouvimos pais de amigos falando que já tinham ido a esses lugares. ”Você entra numa casa e estão fazendo sexo no salão, na parede”, diz Luciano. “Tem de tudo, desde povão até molecada que tem dinheiro.” A prostituição na região central é retratada por personagens de cada década a partir dos anos 70. “Uma das coisas que mais nos chamou atenção é que hoje tem mais lugares, está mais fácil, dá para achar na internet e ir lá. Antigamente era uma coisa para iniciados”, diz Luciano.

Leia um trecho do livro:
“Não sou garota de programa, não. Sou puta. P U T A, pode falar assim, que eu acho melhor”. Diana é direta. Nascida em Cruz das Almas, cidade próxima de Feira de Santana, na Bahia, chegou em São Paulo com dezesseis anos, trazida pela mãe. Tem poucas lembranças do pai. Sabe que ele foi assassinado. Depois de mais uma discussão com a mãe, decidiu ir morar sozinha. Sem emprego, sem planos, sem dinheiro.

Uma amiga, então, revelou que estava trabalhando como garota de programa no centro. E ganhando bem. Diana ficou tentada e acabou indo conhecer o trabalho da amiga em uma boate da rua Aurora. Acabou ficando por lá. “Que mulher que começa nessa vida vai querer depois ir trabalhar por 400, 500 reais? Deixar de comprar bolsa, roupa, celular? Só para quando fica velha, muito feia. E algumas não param nem assim, né”.

Blog centroavante - Época SP/Set 10

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