domingo, 18 de julho de 2010

Governo espanhol mira classificados de prostituição

Do blog pelomundo*

O Congresso espanhol está debatendo os anúncios da prostituição, desde que o governo retomou sua posição contrária à publicação de classificados de acompanhantes nos jornais. “Os anúncios de prostituição devem ser eliminados”, disse o presidente José Luis Rodríguez Zapatero. “Enquanto existirem, estarão contribuindo para essa atividade.”

Ele lembrou que o governo busca caminhos legais para impedir essa propaganda, medida apoiada por diversos partidos. Mas não detalhou que restrições poderiam ser impostas. Um estudo usado pelos congressistas estima em 40 milhões de euros anuais o faturamento da imprensa espanhola com esses classificados.

A inquietação do governo já havia se manifestado antes, ainda que não de maneira tão enfática. Há dois meses, também no Congresso, a ministra da Igualdade, Bibiana Aído, disse se havia tentado primeiro o caminho da autorregulação, “porque foi assim que se fez nos demais países europeus nos quais a imprensa séria não tem anúncios de acompanhantes”.

Alguns jornais espanhóis deixaram de publicar esses classificados por conta própria. Não foi esse o caso, porém, de nenhum dos três diários de maior circulação do país: “El País”, “El Mundo” e “ABC”. No ano passado, a defensora dos leitores (cargo equivalente ao de ombudsman) do jornal “El País”, Milagros Pérez Oliva, escreveu: “Esta defensora considera que esses anúncios não deveriam ser publicados neste diário. Sei que se trata de uma polêmica muito velha e que os tempos de crise que vivemos não são propícios para tomar uma decisão dessa natureza. Mas (...) é melhor dar o exemplo, como fizemos outras vezes, do que agir por obrigação”.

Quem frequentemente sai em defesa da posição da imprensa é o diretor do diário “El Mundo”, Pedro J. Ramírez. “Nós não somos a polícia”, diz ele sobre a tentativa de relacionar os jornais à existência de máfias que exploram a prostituição. “Caso se investigue e se demonstre a existência dessas tramas, elas desaparecerão, assim como seus anúncios.”

* Blog da Folha S.Paulo/15 julho/2010

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